Esse blog é destinado a todas as pessoas interessadas no ensino da ciência e da biologia. Sejam bem vindos!!!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pastoral da Puc promove caminhada ecológica em 19 de junho. Não percam!!

        A Pastoral na Universidade em Contagem está com inscrições abertas para o projeto Trilhas, iniciativa que prevê caminhada ecológica na mata da PUC Minas no Coração Eucarístico e visita guiada ao Museu, no dia 19 de junho, das 8h às 12h.
        O objetivo, segundo Dilma Silva, coordenadora da Pastoral, é reunir alunos, funcionários e professores em uma atividade saudável para o corpo e mente, por lugares com vegetação natural. O valor da inscrição é R$10, que serão destinados ao transporte do grupo. Os interessados podem se inscrever na Pastoral, das 15h às 19h, ou enviar as informações (nome e telefone) para o e-mail pastoralcont@pucminas.br.

Fonte: http://www.pucminas.br/pucinforma

Artigo: mudanças no Código Florestal

        As propostas de alteração do Código Florestal, que prevêem a redução das Áreas de Preservação Permanente (APP) e reservas legais, são um exemplo de que ainda prevalece no Brasil uma política voltada a interesses particulares em detrimento dos interesses coletivos. Infelizmente, ainda não conseguimos ultrapassá-la.
        Os defensores dessas propostas de mudanças não medem as conseqüências delas para a manutenção dos ciclos ecológicos, que garantem não só a vida no planeta, mas também, a curto e médio prazos, as atividades econômicas que são as justificativas para essas mesmas alterações. A falta de cobertura vegetal natural diminui os nutrientes do solo e o deixa vulnerável a processos erosivos, o que o empobrece e inviabiliza a atividade agrícola em pouco tempo.
        As reduções propostas trazem outros graves prejuízos. Ao diminuir as áreas naturais em relação ao que determina a atual legislação, a vegetação e os animais ficam mais vulneráveis à ação de fatores externos como ventos, queimadas e à alteração do micro clima por efeito dos raios solares que entram na área com mais intensidade, colocando em risco as espécies que vivem ali.
        A qualidade da água também é afetada. Com o solo mais exposto, ela fica mais suja, pois recebe maior quantidade de sedimentos, restos de culturas agrícolas e agrotóxicos, provocando, inclusive, o aumento dos custos de tratamento.
        Além disso, há as tragédias provocadas pelas chuvas em diferentes partes do país. A floresta conservada ajudaria a segurar a força das águas das chuvas, mas quase não há mais remanescentes de florestas nos topos de morros (que são APPs, segundo o Código Florestal), sendo esse um dos motivos das tragédias recentes no Rio de Janeiro. À beira dos rios a situação é semelhante. Sem a cobertura vegetal original e construções muito próximas às margens, quando há excesso de chuvas, não há espaço para a expansão das águas, o que provoca enchentes.
        O Código Florestal brasileiro é um dos mais modernos e avançados do mundo e, ao contrário do que se tem dito, tem fundamento. As suas indicações de tamanhos de área de reserva legal e APPs que precisam ser mantidas para conservar a biodiversidade local eram válidas em 1965, quando entrou em vigor, e continuam sendo pertinentes até hoje.
        Estudos recentes validam a legislação e indicam, inclusive, que se fosse para alterá-la, a mudança deveria ser feita ampliando as áreas mínimas de preservação, jamais as diminuindo. As APPs ao longo de rios deveriam ser ainda maiores, com pelo menos 200 m de área florestada de cada lado, para que haja uma plena conservação da biodiversidade. Na Amazônia, a manutenção de corredores de 60 m (30 m de cada lado do rio), limite mínimo atual, conserva apenas 60% das espécies locais.
        Outra proposta de alteração é a sobreposição das reservas legais às APPs, o que também seria um equívoco, pois elas são complementares em termos de conservação. A primeira propicia importantes serviços ecossistêmicos, como o controle de pragas, e aumento da polinização e da produtividade de algumas culturas. Já as APPs têm como função ambiental preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, conforme especificado no artigo primeiro do Código Florestal.
        Incorporar essas propostas de redução das áreas naturais ao Código Florestal seria um retrocesso e uma demonstração clara de que ainda nos falta a consciência de que dependemos da natureza para garantir o fornecimento de água doce, a regulação do clima, a qualidade do ar e a produção de alimentos.    
        Precisamos ter limites e respeitá-los para vivermos em equilíbrio e preservarmos a vida na Terra.

Maria de Lourdes Nunes – engenheira florestal, mestre em Conservação da Natureza e diretora executiva da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza.

Fonte: http://www.fundacaoboticario.org.br/

Ciências e Poesia

A Ciência em si
Gilberto Gil, Arnaldo Antunes

Se toda coincidência
Tende a que se entenda
E toda lenda
Quer chegar aqui

A ciência nai se aprende
A ciência apreende
A ciência em si

Se toda estrela cadente
Cai pra fazer sentido
E todo mito
Quer ter carne aqui

A ciência não se ensina
A ciência insemina
A ciência em si

Se o que pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar
Do avião a jato ao jaboti
Desperta o que ainda não, não se pôde pensar
Do sono eterno ao eterno devir
Como a órbita da Terra abraça o vácuo devagar
Para alcançar o que já estava aqui
Se a crença quer se materializar
Tanto quanto a experiência quer se abstrair

A ciência não avança
A ciência alcança
A ciência em si.

domingo, 13 de junho de 2010

Dia dos Parques Nacionais - 14 de junho

        Nesta segunda-feira, dia 14 de junho, o Brasil comemora o Dia dos Parques Nacionais. A data coincide com o aniversário de criação do primeiro parque nacional brasileiro, o de Itatiaia, no Rio de Janeiro, em 1937.

        Os parques nacionais são a mais antiga categoria de unidades de conservação, que são áreas protegidas por lei e dedicadas à proteção da biodiversidade. “Diante do crescimento da população e do modelo de desenvolvimento a qualquer custo, os espaços que a humanidade deixa de natureza preservada são cada vez mais raros. Proteger esses remanescentes é essencial para a sobrevivência humana”, diz Malu Nunes, diretora executiva da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, organização que, há 20 anos, promove e realiza ações de conservação da biodiversidade no país. Malu considera que as unidades de conservação são uma das mais importantes ferramentas para manter a integridade da biodiversidade e seus processos naturais.

        Atualmente, o Brasil possui 64 parques nacionais. Criados por meio de decretos federais e mantidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – órgão do Governo Federal vinculado ao Ministério do Meio Ambiente – os parques estão distribuídos pelo território nacional e conservam importantes áreas naturais brasileiras. Eles têm como objetivo básico a conservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, além de possibilitar a realização de pesquisas científicas, atividades de educação ambiental e visitação.

        Nas últimas décadas, as ameaças a essas áreas protegidas aumentaram rapidamente. “O crescimento da atividade extrativista para atender as necessidades de consumo somado ao crescimento das áreas urbanas são ameaças constantes às políticas de preservação, que além de poucas, são historicamente consideradas, pelos governos, como investimentos longos que não oferecem lucros”, comenta a diretora executiva da Fundação O Boticário.

        Do total, 43 parques nacionais estão fechados para visitação, embora um dos objetivos dessas unidades de conservação seja justamente possibilitar à população o contato com a natureza. Essa situação reflete as dificuldades enfrentadas pela grande maioria dos parques no Brasil. Faltam recursos humanos e financeiros para que sejam mantidos com eficiência, de forma a evitar problemas como invasões, moradias irregulares, atividades econômicas ilegais e a degradação em seu interior. “Não basta criar unidades de conservação. É preciso implantá-las, manejá-las e fiscalizá-las”, diz Malu.

        Ela ressalta que o país precisa cuidar melhor de suas áreas protegidas, mas as dificuldades não podem ser empecilhos para estabelecer outros parques nacionais, pois a criação em si de uma unidade de conservação já é um passo importante para a proteção da biodiversidade. Mesmo sem a gestão ideal, um parque conserva mais do que se, naquela mesma área, não existisse nenhuma proteção.

        “Com o crescimento da população mundial e destruição dos ecossistemas naturais, as unidades de conservação são a maior esperança de que parte do patrimônio do Brasil seja preservado”, afirma Malu. A Mata Atlântica, por exemplo, perdeu cerca de 93% de sua área original. Do Cerrado, segundo maior bioma brasileiro, estima-se que 80% já tenha sido devastado. Neste cenário, os parques nacionais e outras categorias de unidades de conservação são importantes porque preservam áreas de biodiversidades únicas que representam amostras dos ecossistemas naturais.

Ecoturismo
        O Brasil também coleciona casos bem sucedidos de conservação ambiental com seus parques nacionais, a exemplo o Parque Nacional do Iguaçu, no Extremo Oeste do Paraná, que abriga a maior e mais importante área de Floresta Estacional Semidecídua (floresta tropical subcaducifolia) do País e também parte das Cataratas do Iguaçu. Esse é um dos 21 parques nacionais que estão abertos à visitação, assim como o da Amazônia (AM), da Chapada dos Guimarães (MT), da Chapada dos Veadeiros (GO), da Serra da Canastra (MG), os parques nacionais marinhos de Fernando de Noronha (PE) e de Abrolhos (BA), entre outros.

        Em 2009, os parques nacionais abertos para visitação receberam 3,8 milhões turistas. Permitir o acesso da população aos parques contribui não só para a conservação da natureza, mas também para o desenvolvimento de atividades econômicas que geram alternativas de renda para as comunidades que habitam o entorno dessas áreas. Segundo Malu, esse contato com a natureza sensibiliza o turista, o que, muitas vezes, representa um primeiro passo para a conscientização e reconhecimento sobre a importância de conservar as áreas naturais, uma vez que as pessoas costumam dar mais valor àquilo que conhecem.

A força da iniciativa privada
        Conservar a natureza é responsabilidade de todos, entretanto, a participação da iniciativa privada é essencial para alcançar esse objetivo. A legislação brasileira permite a criação de reservas privadas, as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), que são áreas destinadas à conservação da natureza em terras particulares, criadas por vontade do proprietário e reconhecidas oficialmente pelo governo.

        As RPPNs desempenham papel importante na conservação dos biomas, ampliando as áreas de proteção e complementando um esforço governamental. Juntas, essas unidades de conservação promovem não só a preservação, mas a sensibilização dos visitantes que recebe e das comunidades locais.

        Segundo a Confederação Nacional de RPPN (http://www.rppnbrasil.org.br/), existiam no Brasil, até janeiro de 2009, 856 reservas privadas reconhecidas pelos órgãos federal, estaduais e municipais, distribuídas por todos os biomas brasileiros.

        “O setor privado também está acreditando na importância das áreas protegidas e isso é fundamental, porque o governo, sozinho, não consegue assegurar a conservação da natureza em todo o Brasil”, avalia Malu.

        A Fundação O Boticário, criada pelo Boticário, mantém duas RPPNs nos dois biomas mais ameaçados do país, a Mata Atlântica e o Cerrado. As duas unidades de conservação estão no entorno de dois importantes parques nacionais, o de Superagui, no Paraná, e o da Chapada dos Veadeiros, em Goiás.

Histórico e legislação
        O Parque Nacional de Itatiaia, localizado entre os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e de Minas Gerais, marcou o início das áreas protegidas no Brasil e sua criação em 1937 seguiu um movimento que acontecia em países como Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Cingapura, África do Sul e Índia, além dos Estados Unidos, que criaram, em 1872, o Yellowstone, o primeiro parque nacional do mundo.

        Em 2000, o governo federal aprovou a lei nº 9.985, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). A finalidade era definir regras para a preservação de áreas naturais no país, estabelecendo dois tipos de unidades de conservação, as de Proteção Integral e as de Uso Sustentável. As primeiras, dentre as quais estão os parques nacionais, estação ecológica, reserva biológica e monumento natural, preveem a proteção integral das características naturais e processos ecológicos de uma área, não admitindo uso direto dos recursos naturais. Já as unidades de uso sustentável, como Área de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista, Reserva da Fauna e Floresta Nacional/Estadual, reúnem as categorias de uso direto, que permitem a presença humana e a exploração de recursos.

Os parques nacionais atualmente abertos para a visitação pública no Brasil* são:
PN da Amazônia (AM)
PN Aparados da Serra (RS)
PN Serra Geral (RS/SC)
PN de Brasília (DF)
PN do Caparaó (ES)
PN Chapada dos Guimarães (MT)
PN Chapada dos Veadeiros (GO)
PN de Emas (GO)
PN do Iguaçú (PR)
PN de Itatiaia (RJ)
PN do Jaú (AM)
PN Marinho de Fernando de Noronha (PE)
PN Marinho de Abrolhos (BA)
PN Serra da Bocaina (RJ)
PN Serra da Canastra (MG)
PN Serra da Capivara (PI)
PN Serra do Cipó (MG)
PN Serra dos Órgãos (RJ)
PN Sete Cidades (PI)
PN da Tijuca (RJ)
PN de Ubajara (CE)
* Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

Reportagem extraída de: http://www.fundacaoboticario.org.br/pt-br/paginas/novidades/detalhe/default.aspx?idNovidade=35

sábado, 12 de junho de 2010

Reportagem: Galeria dos bichos ameaçados: Morcego-vermelho

        Ele tem pelos avermelhados, asas compridas e estreitas, perfeitas para dar mais velocidade e agilidade no voo. Gosta de sair à noite e se vier na direção do seu pescoço... Saiba que deve estar vendo algum mosquito pousado nele! O morcego-vermelho não tem hábitos parecidos com os do protagonista da história do Conde Drácula. Como a maioria dos morcegos, ele não está nem aí para o seu pescoço. Sua dieta não é de sangue, mas de insetos!
        Moscas, besouros, cupins, mariposas. Esses, sim, devem temer ao morcego-vermelho. Seus dentes são adaptados a quebrar o exoesqueleto, uma camada que fica por fora do corpo dos insetos.
        Como são animais mais ativos à noite, morcegos em geral passam o dia descansando em abrigos como ocos e folhagens das árvores, frestas em rochas e construções feitas pelo homem.

        O morcego-vermelho normalmente é encontrado em pequenos grupos de cinco a 20 indivíduos. Na reprodução, a fêmea só gera um filhote a cada gestação, que dura quase três meses, sempre na primavera. Mamíferos que são, os morcegos filhotes desta espécie mamam em sua mãe por cerca de dois meses.

        O morcego-vermelho é muito sensível às mudanças no ambiente provocadas pelo homem, como o aumento da poluição, o desmatamento e a destruição das matas onde vive. Para que se conheça ainda melhor a espécie e para que haja um equilíbrio da cadeia alimentar, são de grande importância a recuperação e a proteção dos locais onde ela é encontrada. Como são animais mais ativos à noite, morcegos em geral passam o dia descansando em abrigos como ocos e folhagens das árvores, frestas em rochas e construções feitas pelo homem.

        O morcego-vermelho normalmente é encontrado em pequenos grupos de cinco a 20 indivíduos. Na reprodução, a fêmea só gera um filhote a cada gestação, que dura quase três meses, sempre na primavera. Mamíferos que são, os morcegos filhotes desta espécie mamam em sua mãe por cerca de dois meses.

        O morcego-vermelho é muito sensível às mudanças no ambiente provocadas pelo homem, como o aumento da poluição, o desmatamento e a destruição das matas onde vive. Para que se conheça ainda melhor a espécie e para que haja um equilíbrio da cadeia alimentar, são de grande importância a recuperação e a proteção dos locais onde ela é encontrada.


Nome científico: Myotis ruber.
Nome popular: morcego-vermelho.
Tamanho: de 67 a 72 milímetros da ponta do focinho até a ponta da cauda.
Peso médio: de cinco a nove gramas, aproximadamente.
Local onde é encontrado: no sudeste e sul do Brasil, assim como em determinados locais da Argentina e do Paraguai.
Hábitat: matas e áreas de brejos.

Animal ameaçado de extinção!

Adriana Bocchiglieri
Universidade de Brasília
André Faria Mendonça
Museu Nacional
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fonte: Revista Ciência hoje das crianças 209 Publicado em 15/03/2010 | Atualizado em 15/03/2010
Por: Adriana Bocchiglieri e André Faria Mendonça

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Reportagem: Ecologia põe a mesa

Ecologia põe a mesa
A preocupação com a conservação dos recursos naturais permeia toda a sociedade. Gastronomia e moda apostam em novos padrões de produção, gosto e consumo
Eduardo Tristão Girão

O italiano Carlo Petrini, criador do movimento slow food: prazer sustentável
Até há não muito tempo – menos de uma década, para ser mais preciso –, o setor da gastronomia se mantinha no Brasil orientado sobretudo pelo prazer. Chefs, restaurantes, ingredientes, receitas. Tudo convergia para dentro da goela de uma recém-formada geração de gourmets curiosos e ávidos por satisfazer a fome de novidades. Gente querendo consumir (pratos, livros, programas de TV etc.) cada vez mais e melhor. Não que isso tenha mudado radicalmente, mas já é possível detectar impactos que a filosofia da sustentabilidade provocou na cena gastronômica. Já existe até expressão nova: ecogastronomia. Se hoje muita gente já começa a se importar com a origem dos alimentos que compra e com a maneira como foram produzidos e comercializados, uma das raízes desse comportamento está no movimento slow food. Criado nos anos 1980, na Itália, por Carlo Petrini, reúne hoje nada menos que 100 mil pessoas. Antes associado a gourmets preocupados em valorizar tradições regionais, o movimento abraça causa muito maior e está baseado na ideia de prazer gastronômico sustentável ao alcance de todos. Um dos desdobramentos dessa nova tendência é a interação entre pequenos produtores regionais e profissionais do setor de alimentos. Trabalhando juntos, seriam também guardiões da riqueza alimentar local. No Brasil essa interação já ocorre. São exemplos disso a aplicação de conceitos sustentáveis a produção de guaraná sateré-mawé, palmito juçara, castanha de baru, néctar de abelhas nativas e feijão canapu. Mas isso já não basta. Pelo menos é o que pensa o próprio Carlo Petrini. Durante sua passagem pelo Brasil, em março, declarou que os consumidores devem se considerar coprodutores. Para ele, não é questão de opção, mas necessidade: “O sistema atual é insustentável. Tornar-se coprodutor significa estar ciente de que o ato de comer é o último do ciclo que se inicia na terra e a ela retorna”. Por que não optar pelo alimento regional e sazonal, que requer o mínimo de transporte e atravessadores, diminuindo a poluição gerada pelo transporte e beneficiando a renda de quem trabalhou para fazê-lo chegar fresco à sua mesa? É nisso que acreditam os entusiastas da ecogastronomia, agrupando esses alimentos no chamado cardápio “zero quilômetro”, ou seja, tudo comprado de produtores das redondezas. Uma sacada e tanto para um setor visto como mera futilidade, como a gastronomia: ou a atitude sustentável se torna um prazer para todos ou não haverá saída para ninguém.

Fonte: Jornal Estado de Minas - Caderno: Pensar - 05/06/2010